quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Não creio mais! (Mc 4.40)

A igreja está passando por uma grande transformação interior, isto é no âmbito intelectual. A prova disso é o grande volume de compêndios evangélicos publicados todos os anos. Tal transformação tem promovido impactos positivos, pois, obras valiosíssimas já foram publicadas, cujas quais, promovem a edificação de muitas vidas. Por outro lado, está se criando uma legião de “intelectuais da fé”, que postulam as mais variadas teorias racionais a respeito da fé.

Visando combater os exageros sensacionalistas os “intelectuais de Cristo” (aqueles que se sentam atrás de uma cadeira, sem nunca parar para ouvir o Espírito Santo, mas sim a voz da consciência) tecem ensinamentos que têm lançado uma pá de pessimismo e incredulidade no seio da igreja concernente as coisas espirituais, querem explicar a partir do ponto de vista natural (1Co 2.14) as coisas sobrenaturais de Deus. Buscando explicações e censurando as coisas que não entendem.

E, como conseqüência disso, a igreja está deixando de crer no Espírito Santo e em suas obras, pois afinal de contas, não é correto chorar, ou ainda, se entregar sem reservas ao Espírito numa profunda adoração, isto traz escândalo para o povo, a glorificação através dos lábios – fruto do perfeito louvor, fora substituído por salvas de palmas que é socialmente correto. O que os outros irão dizer de uma igreja barulhenta, foi-se o tempo disso, acontecia apenas no tempo da ignorância. Esse pensamento está afastando o aroma da flor, a força motora que alavanca os corações ao encontro de Deus, a igreja está viúva de um noivo vivo. Está padecendo de sede junto ao manancial de águas vivas.

Acredita-se que Cristo é poderoso para dar um carro, mas tem dificuldades em um irmão cego voltar enxergar (é mais fácil aceitá-lo como cego, e meninice se tentar orar por ele). Acredita-se nas promessas de mudança de um político, mas não crer que Deus pode usar um dos seus para realizar sinais e maravilhas. São como os fariseus, a maior preocupação não é com o milagre, e sim, com o sábado que não foi guardado. Querem ensinar Deus agir, traçando caminhos, métodos e horários para que haja a manifestação do Espírito. Ora, onde há o Espírito de Deus, há liberdade (2Co 3.17).

Por isso, a minha oração tem sido “acrescenta-me a fé” (Lc 17.5), para viver neste mundo insano e de engano. Pois o desejo da minha alma é ser um verdadeiro adorador, independente do que os outros irão dizer ou achar, o que importa é saciar a sede de Deus em Cristo, e no Oceano do Espírito mergulhar e contemplar os milagres em minha vida a cada manhã. A igreja precisa voltar a viver o milagre de Deus, sentir as manifestações poderosas do Espírito, e como uma noiva se ataviar com os presentes (dons) espirituais (1Co 12).

Hoje entendo por que Paulo tão letrado considerava esterco o seu conhecimento, e lutou incansavelmente para pregar em demonstração de poder, e não em palavras persuasivas humanas. Pois o cuidado dele era um só, o Espírito é essencial para a igreja, por isso afirma, não apagueis o Espírito(1Ts 5.19)! Que nossos corações se preocupem em manter a chama acesa em meio à sabedoria humana (2Co 3.6).

Provai e vede que o Senhor é bom!

 By Pr Maxsuel Pedreira

domingo, 7 de novembro de 2010

Andando na contra-mão

Desde criança cresci ouvindo o adágio popular “a voz do povo é a voz de Deus”, e, por muito tempo acreditei nisso. Quantas coisas tomei partido a partir da aclamação do povo. Escolhas políticas, cores, gostos e etc..

Deparei com uma frase que me instigou,a saber: toda unanimidade é burra. Ao fazer tal afirmativa, o escritor Nelson Rodrigues questionava a alienação de posição, logo, a alienação de pensamento, pois, se todo mundo concordar que a unanimidade é burra, assim, será burra mesmo. Portanto, o que ele tinha em mente é ter consciência da posição a ser tomada, e não simplesmente seguir os outros, como já se diz por aí: Maria vai com as outras.

E, o que isso tem haver com a mocidade? O que mais chamou a minha atenção quando fazia parte da mocidade era a capacidade de influência que algumas pessoas exerciam no grupo. Tanto para as coisas boas, como para as coisas más. Quantos jovens começaram a orar sozinhos, e quando se viam, estavam rodeados de outros jovens seguindo o exemplo. Ou, ainda, haviam aqueles que amparados pelo dito “amor de Deus” faziam coisas que entristeciam o coração do Senhor, e, ao serem questionados se justificavam dizendo, você quer estreitar demais a porta do céu, Deus é amor.

O grande problema desse segundo grupo de jovens, é que ajunta em torno de si vários adeptos que querem viver de maneira mais light a fé. São criados sem regras, e como disse o apóstolo Paulo: o Deus deles é o ventre. Com toda a certeza, Cristo não foi gerado neles, pois é impossível que alguém que tenha um encontro genuíno com o Senhor Jesus Cristo continue a andar do mesmo jeito.

Mas a famosa frase aflora na turma, isto é: todo mundo está fazendo, por que nós não? O que tem demais usar isso, ou usar aquilo, ou ainda, ficar com fulano,ou beltrano, fazer isso, ou fazer aquilo? Isso não tem nada a ver. Será que Deus vai punir todo mundo? Assim, tal grupo, justifica a sua maneira de agir e seu proceder. E, neste pensamento, vários jovens estão se tornando crentes nominais por causa das influências da famosa turma que se diz “mente aberta e atualizada”. Estes, estão andando na mão da modernidade, na orientação e dicas de como viver melhor segundo o mundo, por meio de suas ferramentas midiáticas.

Todavia, a mocidade que o Senhor tem prazer é aquela retratada no livro de Daniel no capítulo 3, a palavra do Senhor faz questão de dizer que todos se prostraram para reverenciar a estátua de Nabucodonosor. Imagine a cena, os grandes e pequenos todos se encurvaram, uns diziam aos outros, se ajoelha mesmo não querendo se não vai morrer. Essa é a deixa do mundo, ou faz o que todo mundo está fazendo, ou então, será excluído do grupo, será deixado de lado da rodinha, não fará mais parte dos bonitões e bonitinhas, dos que estão em “evidência”, dos chamados descolados.

Mas folgo no Senhor que no meio da mocidade ainda tem jovens que fazem questão de dizer: NÓS ESTAMOS ANDANDO NA CONTRA-MÃO DO MUNDO, não queremos viver alienados pelo mundo, quem dita as regras do nosso viver é a Palavra do Senhor, pois o viver para nós é Cristo!

Mas, como não pode faltar, ao se tomar tal posição, a consequência é irritar os que estão ditando as regras e modas, e logo aparecem os fofoqueiros de plantão e dizem: tem um grupinho de jovens que não quer fazer o que estamos fazendo, o negócio deles é só orar, é um tal de ler bíblia, falar do amor de Jesus, se vestir de maneira comportada, vivem buscando a todo custo uma vida de santidade. Isso causa ira, inveja, raiva nos adversários, e repentinamente arquitetam um plano para colocar fim nesse grupinho.

Com toda a certeza vão querer dar mais uma chance para que o grupinho se redima, e assim, fazer parte da multidão, afinal, todo mundo está fazendo. Mas vai aí um conselho, não queira a amizade do mundo pois segundo o apóstolo Tiago, é inimizado com Deus. A mocidade fora chamada para destoar a música do mundo, para desafinar as melodias infernais. Deus chamou a cada jovem não para fazer coro, e andar segundo o mundo, mas para viver em novidade de vida, segundo o amor do Senhor Jesus. Ainda que a contrariedade do mundo nos leve a passar vergonha, a sofrer o desprezo daqueles que te acham mais crente que os demais. E nunca esqueça, a voz do povo crucificou Jesus.

Não importa o que diz o mundo, o importante é estar no centro da vontade do Senhor, andar pelos caminhos da verdade, ser alimentados pelo pão da vida, e viver com a alma acesa pelo fogo do Espírito do Senhor, ainda que para isso, se torne o excluído, o fanático ou, o retrógrado. A glória do livramento do Senhor se manifestou na fornalha da aflição daqueles jovens fiéis, e aquilo que era para perda, se transformou em ganho, e aquilo que era para vergonha se transformou em glória. Assim, o Senhor fará aos seus fiéis. É melhor andar no fogo do Espírito com Cristo, do que se prostrar com a multidão fria e vazia.

E fazendo isto, mantendo firme a fé, possamos fazer como aqueles jovens, promover a transformação de uma nação. Oh! Deus, que a nossa juventude entenda que pelo testemunho sincero, uma posição definida – andar com Deus, pode-se mudar até mesmo um edito de um rei, uma lei de uma cidade, e o melhor de tudo, saquear o inferno e povoar o céu. Por isso, anda sempre na contra-mão do mundo.

Provai e vede que o Senhor é bom.

By Pr Maxsuel Pedreira

Jesus, os homens e a simplicidade

Segundo o dicionário eletrônico Michaelis, simplicidade é o estado, qualidade ou natureza do que é simples, e ainda, é a despretensão, desafetação, modéstia.

Acredito que uma das palavras ainda pouco compreendida, e, vivida pelo cristianismo seja: a SIMPLICIDADE. Embora tenhamos um dicionário para auxiliar-nos em sua explanação, demonstrando que se trata até mesmo de um estado, ou ainda qualidade do que é simples, parece-nos que tal explicação se encontra em outro idioma.

Mas, essa dificuldade não é só em nossos dias, foi também nos dias do Mestre, pois muitos estavam vivendo na expectativa do surgimento de um “Grande Líder”, que tomaria o “poder” das mãos dos líderes tiranos e algozes da época. Com a iminência desse homem, a sorte de muitos mudaria, pois, quem sabe, sobraria até mesmo uma vaga no novo governo, e assim, o “Povo” de Israel (alguns poucos interesseiros) estariam comandando novamente a massa.

Essa iminência gerava o sonho de como se diz: “ter um governo só nosso”. Voltar mais uma vez ao tempo das vacas gordas, da pomposidade, da época áurea, afinal, Israel não passava de um vassalo social, que por imposição, tinha que digerir goela abaixo as marionetes posta pelo governo romano para liderar o povo “livre” de Israel. Obviamente, não existiria uma notícia melhor do que essa, que em Belém nasceu o Rei dos Judeus, e, essa era a oportunidade que todos esperavam.

A expectativa era muito grande, o Rei dos Judeus! Quem será, como será ele, será que teremos outra revolta dos macabeus? Ou ainda dos zelotes? Como esse novo rei tomaria o “poder político” (esse era maior anseio do povo) das mãos dos tiranos, quando será o alistamento para a batalha? Essas, eram perguntas que permeavam a cabeça do povo. E Deus, como estava vendo a situação? Parece-me que se pudéssemos viajar no tempo e naqueles dias tivéssemos acesso ao coração de Deus, perceberia que seu projeto era outro.

O apostolo Paulo descreve o projeto original de Deus dizendo: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4), e ainda acrescenta que Cristo, “... sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7 Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz." (Fp 2.6-8). Isto é, o Senhor Jesus abriu mão de sua glória celeste, de seu poderio, só para vir a este mundo cumprir os desígnios do Pai, e demonstrar o quanto Ele nos ama.

Ele era Rei, todavia não teve um quarto digno para nascer, pois nascera em um estábulo, ele era Rei, entretanto não teve um berço para se deitar ao nascer, pois teve que dormir em uma manjedoura, ele era Rei, mas teve que trabalhar como humilde carpinteiro juntamente com seu pai José, ele era Rei, porém viveu uma vida simples desde a sua origem, ele era Rei, mas escolheu assessores simples (pescadores, publicanos entre outros), a sua maior glória, na verdade foi uma grande ignomínia, pois na via dolorosa, ironicamente fora coroado de “rei”, e a sua coroa? Ah, fora de espinho, os seus súditos foram os próprios verdugos “salve ó rei”. Agora chega o momento íngreme, a crucificação, esse foi o ponto de vitupério, espetáculo, e humilhação.

Acabamos com a pompa desse reizinho, pensavam os religiosos e os governadores da época, por outro lado parece que dá para escutar o grito silencioso dos corações daqueles dois discípulos que iam no caminho de Emaús: “Jesus, a decepção dos homens!”. Acabara o sonho de governar, fazer parte da elite, de estar na mídia, a nossa promessa de um rei acabou. Mas uma vez a visão humana diverge da visão de Deus, não era esse o objetivo, o reino promovido pelo Senhor é melhor do que qualquer reino que já existiu ou existirá nesta terra, pois todos tiveram fim, mas o reino do Senhor Jesus permanece de eternidade a eternidade.

Por que Deus permitiu uma vida de simplicidade para o seu filho? Porventura Ele não tinha poder para dar ao Senhor Jesus todas as coisas? Para quê tanta humildade, se Cristo era o Unigênito do Pai? Será que Deus é sádico, que sente prazer na humilhação, ou nas dores dos outros?

Não. De maneira nenhuma, o que de fato o Senhor nosso Deus quis ensinar era: não importa quem você é, ou o cargo que ocupa, todavia a tua vida deve ser vivida em simplicidade, e para isso Ele deu exemplo através de seu filho, onde Cristo é a personificação da simplicidade. O Senhor Jesus tinha poder, tinha glória, mas abriu mão para dar e ser o exemplo, por isso, com tanta autoridade ele ensina “...sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10.16), prudência e simplicidade, entendemos muito bem o que é ser prudente, pois nos fala de maturidade, perspicácia, vigilância, todavia fazemos questão de omitir a simplicidade, pois fala de singeleza de vida e coração (At 2.46; Cl 3.22.), e isso não é tão fácil.

Eis a grande decepção dos homens, todos nós queremos nos vangloriar de alguma coisa, esnobar pompa, eu sou isso, eu fiz aquilo, sou o filho de fulano, minha mãe é fulana de tal, até mesmo os discípulos esperavam a restauração do reino terreno (At 1.6), mas quando esbarramos na vida de Cristo, percebemos que não compreendemos a mensagem, ficamos decepcionados, ele é Deus, tudo foi feito por ele, por meio dele, para ele, e sem ele nada do que foi feito se fez (Jo 1.1-3; Cl 1.16-17), entretanto viveu em simplicidade, não tem para onde fugir, se somos de Cristo devemos viver nos passos de Cristo.

Estamos vivendo dias dos quais Robson Cavalcante vaticinou “todos buscam um lugar na corte de Herodes”, a pomposidade nos atrai, o estrelato tem invadido as nossas igrejas, o despotismo tem sido uma peste perniciosa, muitos cobiçam, cogitam às escuras, o pensamento de ser alguma coisa, ainda nos engodam, queremos apresentar algum status, queremos dizer sou isso, sou aquilo, quando na verdade não somos nada, e ao assumirmos posições de destaque prezamos mais pela aparência do que a essência. Nos distanciamos da simplicidade do evangelho, nos distanciamos das palavras inflamadas do apóstolo Paulo que ele se gloriava apenas na cruz de Cristo, ou seja no símbolo de humilhação e redenção.

Por não saber, ou ainda não querer entender, estamos perdendo a simplicidade genuína do evangelho, pergunto-me se teríamos simplicidade o suficiente para em meio a nossa caminhada ministerial parar para atender um cego e mendigo como fez o Senhor Jesus, comparando hoje, será que pararíamos o nosso carro para dizer a um desconhecido e maltrapilho na rua: qual é a tua necessidade, o que posso fazer por você? Se muitos de nossos irmãos padecem necessidades, quanto mais os mendigos desta vida. A falta de simplicidade tem nos distanciado da singeleza do evangelho genuíno.

Cada dia que se passa nos tornamos mais “gospel” e menos crente, mais “evangélicos” e menos servo, todavia não podemos esquecer que até o Filho de Deus declarou que veio para servir, quanto mais nós que somos feitos filhos de Deus por adoção pela sua graça e misericórdia, temos que muito mais ainda servir com um coração voluntário, pois não podemos esquecer que somos enxertos (Rm 111.17-24) .

Para nos tornarmos simples temos que renunciar muita coisa que achamos ser boa, abrir mão de muitas vaidades, descer do nosso pedestal de orgulho e nos tornamos comuns, mas assim como aquele jovem rico, preferimos andar sem Jesus (ainda que aparentemente o sirvamos) do que abrir mão daquilo que chamamos riqueza na qual está preso o nosso coração.

Como Deus tem visto a simplicidade de seu povo? Será se ele aprova o que temos feito, de como temos vivido, nos orgulhamos de dizer “somos filho do Rei e por isso nada tenho falta”, e achamos com isso que o Senhor tem nos aprovado. Se pudéssemos mergulhar no infinito altar da presença do Senhor e lá mesmo que por um instante pudéssemos olhar para nossas vidas o que sentiríamos? Qual seria a nossa reação?

Para não termos surpresas ao olhar dentro de nós mesmos, precisamos mais do que nunca dar um basta nesta situação, e buscar viver na simplicidade, na singeleza de coração, destituídos de nossas vaidades pessoais para que assim, possamos pregar um evangelho simples e não simplista, um evangelho transformador, e não maquiador, e que cada irmão não se escandalize em nós, mas possa ver a Sombra do Onipotente sobre nossas vidas, e por fim possam testemunhar que somos irmãos e temos tudo em comum, quer seja no partir do pão, na doutrina dos apóstolos, na comunhão ou na oração (At 2.42; 2Co 8.14-15)

Por isso, revistamos a nossa natureza da simplicidade de Cristo e retenhamos a qualidade do que é simples, para que no presente século, possamos demonstrar não apenas a maturidade e perspicácia, mas também a simplicidade de uma vida transformada pelo evangelho da simplicidade de Jesus.

Provai e vede que o Senhor é bom!
By Pr Maxsuel Pedreira